No momento em que um Vírus, COVID-19, modificou a vida de um planeta nos seus hábitos e posturas sociais, semeou o terror, mostrou as debilidades dos nossos conhecimentos científicos, dos sistemas de saúde, em suma, nos mostrou que não estamos preparados para enfrentar ameaças deste tipo e desta escala, também mostrou que nesta sociedade a palavra e ação Solidariedade social e pessoal também existem e em dose elevada.
O equilíbrio entre a vida profissional, familiar e pessoal tem como objetivo o estabelecimento da priorização entre o trabalho e a vida privada de cada indivíduo. De forma sumária, o princípio da diretiva europeia é o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal e familiar quando o direito de um indivíduo a uma vida realizada dentro e fora do trabalho remunerado é aceite e respeitado para o benefício do indivíduo, dos negócios e da sociedade.
As organizações demonstram assim o respeito por princípios e valores que visam melhorar o bem-estar, qualidade de vida e satisfação geral das partes interessadas na conciliação, trazendo como referencial a atração e retenção de talentos, o aumento da produtividade e competitividade, a melhoria da imagem corporativa e da marca e a atração de investimentos socialmente responsáveis.
Estas palavras fazem tanto ou mais sentido no momento presente do que quando escritas anteriormente.
Mais do que nunca, há que estabelecer objetivamente prioridades nesta condição de pandemia: primeiro, conter a pandemia, segundo, cuidar da saúde das pessoas infetadas, terceiro, retomar atividade profissional de forma faseada de acordo com as diferentes áreas profissionais, quarto, retomar atividades formativas e ensino nas suas múltiplas vertentes, quinto, retomar as atividades desportivas e lúdicas, sexto, retomar as múltiplas atividades com condicionantes, sétima, retomar de forma otimizada a atividade normal sem condicionantes.
Ainda sem estarmos numa fase de retoma, os princípios subjacentes à diretiva são essenciais para os objetivos de reestruturação de uma nova ordem familiar, social e profissional pois inequivocamente a pandemia alterou o modus operandi familiar, social e profissional da sociedade conforme a conhecemos.
O único “bem” que irá permanecer será a “Saúde” individual sob a perspetiva física e psicológica, ainda que sob influência dos “traumas” provocados pelo período de pandemia.
Neste período, por força dos dois primeiros objetivos, houve que conciliá-los com a saúde da pessoa e assistiu-se a uma reestruturação de atividade profissional, há muito falada mas que não passava à implementação efetiva e massificada: o teletrabalho, a atividade online e o comportamento social.
Este momento temporal pode afirmar-se ser a tradução mais expressiva e otimizada das orientações da diretiva, com especial relevo para o ser humano, a base da nossa sociedade e a conciliação que deve existir sempre nas múltiplas vertentes do ser humano enquanto membro de uma Sociedade.
Nunca a filosofia subjacente à diretiva esteve tão atual e revela, neste momento, toda a sua essência, potencial e benefício para o individuo, a família, a empresa, a sociedade, em suma, o globo terrestre e humanidade.
Eugénio Leite
Médico oftalmologista e diretor clínico das Clínicas Leite